by: Daniel Miranda
Eu viajei por este blog hoje e sinto que valeu a pena ; )
"Por vezes pergunto-me porque é que esperamos por alguma coisa. Porque é que sentimos necessidade de nos deslocarmos de um sítio para outro. Ou até mesmo, no limite, de fazermos o que quer que seja. Agimos como se houvesse uma estrada a percorrer, um desígnio a cumprir - por mais simples ou prosaico que este possa ser em cada momento.
O progresso, o desenvolvimento, a modernidade, são-nos oferecidos diariamente. São nos dados como o fim a que devemos ambicionar. Tornou-se norma, pois, a ideia de que está no futuro o fim último a atingir, que é aí que reside o nosso desígnio – independentemente de qual ele seja -, e que é aí que o mesmo será cumprido. Para isso, importa sempre agir em função do depois, descurando o Agora, como se este não pudesse ser significante em si mesmo. Devemos planear e actuar em consequência. Sair, entrar, andar, fazer, criar. Tudo, em nome do futuro.
Esquecemo-nos frequentemente, porém, do paradoxo que esta ideia encerra. A acção orientada em função de um fim, e não significante por si só, nunca será suficiente. Nunca será, sequer, Presente. Estará, pelo contrário, condenada à eterna prisão do Tempo. O fim é tão só aquilo que significa: fim.
Por mais absurdo que possa parecer, não há nada de ilógico na imobilidade."